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Perdidos e achados - Dobragem de desenhos animados

Domingo, 01.02.15
Longe dos atuais canais temáticos, muito mudou no mundo das dobragens de desenhos animados nos últimos 40 anos.
 
Na rubrica "Perdidos e Achados" do canal televisivo SIC, foram apresentados os actores que deram a voz a alguns desses bonecos, como a Abelha Maia, a Heidi, o Tom Sawyer ou o Son Goku.
 

 

 
Jornalista: Maria Miguel Cabo
Repórter de Imagem: Hugo Neves
Edição de Imagem: Rui Rocha
Produção: Cláudia Araújo, Madalena Durão
Coordenação: Maria João Ruela
Direção: Alcides Vieira
 

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publicado por Ana Sardinha às 15:38

Gladiadores - Conhece os personagens principais

Quinta-feira, 25.04.13

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publicado por Ana Sardinha às 11:49

Dobragem na Europa

Sábado, 23.02.13

 

Legenda:

 

    

Dobragem somente para crianças - nos restantes utilizam-se legendas.

    

Zonas mistas - países que, ocasionalmente, utilizam um elenco completo para a dobragem e nos restantes casos utilizam-se legendas.

    

Voz sobreposta - países que, geralmente, utilizam um ou mais actores de voz que se sobrepõem à banda sonora original.

    

Dobragem generalizada - países que, exclusivamente, utilizam um elenco completo para a dobragem de filmes e séries de televisão.

Muster (rot-blaue Balken).png

Países que, ocasionalmente, produzem dobragens próprias, embora, também, utilizem versões dobradas de outros países por se tratarem de idiomas semelhantes e o público compreendê-las sem dificuldade. (Bélgica e Eslováquia)

 


Fonte: Wikipédia

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publicado por Ana Sardinha às 22:30

O mundo das dobragens nos desenhos animados

Sábado, 01.12.12

Na série de animação Nutri Ventures são os atores portugueses que dão voz às personagens quem estabelece o padrão para os colegas que fazem a dobragem nos 17 países.

 

 

 

 

 

Ao contrário do que é norma, na animação Nutri Ventures são os atores portugueses que dão voz às personagens quem estabelece o padrão para os colegas que fazem a dobragem nos 17 países em que a série já está a passar. A Nuno Markl, Ana Vieira e Ana Brito e Cunha, juntam-se, por exemplo, Adriano Luz, Rui Paulo e Jorge Mourato. 

 

Com o apoio da Organização Mundial de Saúde e do programa antiobesidade infantil dinamizado por Michelle Obama, a Nutri Ventures, que tem como tema a alimentação saudável, espalha a sua mensagem, de modo descontraído e divertido, de Israel aos EUA. 

 

Em Portugal, os fãs da série, que por cá se estreou em setembro último e logo saltou para o top 5 de audiências da RTP 2 e do canal Panda.

 

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publicado por Ana Sardinha às 21:13

José Jorge Duarte em entrevista no "Jornal i"

Sábado, 29.09.12
Tive o prazer de conhecer pessoalmente este grande actor e director de dobragens.
Considero-o uma das melhores vozes no mundo das dobragens em Portugal e é com enorme agrado que li este "breve resumo" da sua experiência profissional e projectos futuros.
Parabéns à Diana Garrido por esta entrevista.

José Jorge Duarte.


José Jorge Duarte no estúdio On Air, onde dirige várias dobragens, o único estúdio onde gosta de trabalhar

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publicado por Ana Sardinha às 19:46

Dobradores Portugueses no Japan Weekend

Sábado, 29.01.11

Nos dias 23 e 24 de Outubro de 2010 ocorreu em Lisboa o evento Japan Weekend, que é conhecido por ser a convenção de anime, manga e videojogos mais completa da península ibérica.


Os visitantes deste evento poderam assistir a concursos de cosplay, a um quiz show, workshops, torneios de videojogos, palestras, concertos, demonstrações entre outras actividades.

 

No programa do Japan Weekend houve um painel para as dobragens portuguesas, onde foi possível aos visitantes abordar o tema da dobragem de animes em Portugal e no qual foi possível conhecer alguns actores portugueses e o seu trabalho, numa descontraída conversa com a audiência.

Este vídeo é um excerto dessa conversa onde podemos ver os actores Mário Bomba e Bárbara Lourenço:


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publicado por Ana Sardinha às 22:55

A realidade das dobragens em Portugal

Sábado, 21.08.10

Em 1994 a Disney começou a apostar em Portugal, onde não existia uma classe de dobradores e as dobragens eram consideradas um ramo da profissão de actor. “Só há muito poucos anos é que começamos a produzir em português e para Portugal”, salienta Pedro Boucherie Mendes, director de canais temáticos da SIC.

 

Carlos Freixo, director de várias dobragens desenvolvidas pelo estúdio da Matinha, esteve presente na altura em que foi feita a dobragem do “Rei Leão”. Freixo foi uma das vozes do filme, a do próprio Simba e lembra o momento em que o estúdio foi contactado pela Disney para realizar esta primeira grande dobragem: “Era uma aposta arriscada, uma espécie de tudo ou nada. Se não resultasse voltar-se-ia às dobragens brasileiras. Por isso foi posto todo o cuidado na escolha do elenco para o casting.”

 

http://www.icicom.up.pt/blog/take2/lion.jpg

 

 

 

A aposta foi ganha. A versão portuguesa foi considerada a segunda melhor a nível mundial. “Não mais voltámos ao português do Brasil”, afirma Carlos Freixo e acrescenta: “Tornou-se impensável lançar um filme de animação que não fosse dobrado em português de Portugal”.


Depois da primeira experiência os passos seguintes foram dados de forma natural, seguiram-se grandes estúdios como a Warner, Dreamworks, Fox. A partir desde momento começaram a aparecer mais estúdios e empresas de dobragem em Portugal. O director do estúdio On Air, Raul Barbosa, explica que “há uma necessidade do mercado em dobrar os filmes. Os filmes chegam na língua original e é preciso passá-los para língua portuguesa”. No entanto, para este director, em Portugal não existe indústria. “Qualquer empresa que queira dobrar tem de lidar muito bem com este universo porque tem muito menos produção do que a que há lá fora”, sendo que há quatro grandes países dobradores no mundo: Espanha, França, Alemanha e Itália. “Eles dobram tudo, todos os filmes, documentários, por isso têm uma indústria. Em Portugal dobramos mais animação. Temos de saber ser bons, para conseguir ter trabalho”, refere Raul Barbosa.

 

Porém, Isabel Monteiro, responsável da empresa Dialectus, considera que a área da dobragem “é uma área com alguma complexidade, num mercado tradicionalmente pautado pela legendagem dos programas, a dobragem foi crescendo e está, actualmente, em franca expansão”. Mas, “o produto dobrado é cerca de 5,6 vezes mais caro do que um produto legendado”, esclarece.

 

Um raio-x às dobragens

Engane-se quem pensa que dobrar um filme é um processo fácil, ou que implica só colocar a voz do actor num personagem animado. “A técnica de dobragem é muito específica. O actor tem de ser capaz de representar muito rapidamente, enquanto ouve a versão original nos auscultadores, guiando-se por ela mas sem copiar as suas inflexões”, esclarece Carlos Freixo.

A dobragem passa por várias fases, desde a escolha do elenco, o estudo do guião e a gravação, que podem demorar, ao todo, entre três e quatro meses.

Na fase dos testes de voz, ou seja, da escolha de actores e cantores para o filme, o trabalho é feito em conjunto com os directores de dobragem, para os diálogos ou directores vocais, para as canções. O objectivo é tentar encontrar alguém com uma voz semelhante à do actor que fez a versão original do filme. O actor pode ser também o cantor ou não. Por vezes a parecença até deixa de ser importante. A este propósito Raul Barbosa fala da sua experiência no filme “Shrek”. “Na versão original do Shrek a voz do burro é feita pelo Eddie Murphy e em Portugal é o Rui Paulo. A Dreamworks disse para nós tentarmos encontrar um actor que tivesse uma capacidade enorme de ser como o Eddie Murphy é no filme”.

 

http://cinerosebudd.files.wordpress.com/2008/06/eddie-murphy-as-donkey-in-shrek-the-third1.jpg

 

 

Esta fase não é rápida, pois há um trabalho desenvolvido em conjunto, isto é, o estúdio com o director musical e o director de dobragens, de diálogos, até ao casting ser aprovado. Carlos Freixo explica o trabalho de director de dobragem, ou melhor, de coordenador do filme, que começa “na adaptação do texto para que encaixe nas bocas”. “O director tem de levar o actor a representar em sincronismo, ou seja, representar a personagem no tempo da frase”. Para além disso, “como, hoje em dia, cada actor grava sozinho no estúdio tem igualmente de ser conduzido a contracenar com um colega inexistente”, salienta Carlos.Depois das vozes escolhidas é altura de tratar do guião, que chega aos estúdios de dobragem em versões muito codificadas. “É feita a tradução dos diálogos e tradução lírica, caso haja canções”, diz Raul Barbosa. E explica: “Durante essa fase há várias conversações com os criativos responsáveis pela versão original para ver o nosso estúdio percebeu a piada, as notas criativas que vinham, o que é que fizemos, por onde é que fomos em termos de adaptação, para eles concordarem ou não”.

Realizado este trabalho, está tudo a postos para a gravação, que é idêntica a qualquer filmagem, tentando-se levar o menor tempo possível, uma vez que são cada vez mais os meios tecnológicos. “Antigamente gravava num mês, hoje em dia consegue-se gravar em duas semanas, desde que tenha o casting todo presente”, revela Barbosa.

 

Retirado do artigo "A realidade das dobragens em Portugal" por Sara Picareta em "o Público" de 03.12.2009

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publicado por Ana Sardinha às 19:26

O Mundo do faz-de-conta

Quarta-feira, 02.07.08

   Em pesquisas feitas pela internet encontrei este artigo publicado na revista Expresso que pessoalmente acho um artigo fantástico para os grandes admiradores das dobragens portuguesas. Este artigo já tem uns aninhos, mais concretamente foi publicado a 13/10/2001 mas descreve tão bem o dia-a-dia no mundo das dobragens mantendo-se ainda hoje bastante actual.


O Texto é de Bernardo Mendonça e as Fotografias de Luiz Carvalho e Jorge Simão (nas gravações)

 
 

 
 
Da esquerda para a direita: Rita Salgueiro, Carlos Vieira de Almeida, Rui Paulo, Carla Salgueiro, Maria Barbosa, Irene Cruz, Romeu Vala, Carmen Santos, Victor Emanuel, Peter Michael, José Jorge Duarte, André Maia, Cucha Carvalheiro, Pedro Pinheiro, Luís Mascarenhas,Carlos Freixo e Joana Freixo. Estas são algumas das vozes dos bonecos
 

 

      Ouve-se uma estridente gargalhada. A vilã Lá, uma mulher de cabelos vermelhos, olhar maquiavélico e corpo escultural, solta uma ordem. Detrás de uma rocha surge um monstro verde com poderosos tentáculos e um olhar assassino. Sem Tarzan por perto, Jane, a boa heroína, está em sérios apuros. Entre gemidos, suspiros, gritos, grunhidos e outros sons assustadiços, a história acaba, mais uma vez, em bem.

     «OK! Estão feitos os gritinhos», graceja a actriz Claudia Cadima que dirige a Carla de Sá nos Estúdios da Matinha, um dos mais conhecidos espaços de dobragens do país, responsável por colocar as personagens da Disney e da Dreamworks a falar em português nas salas de cinema do país, com interpretações de qualidade.

      De olhos postos no pequeno monitor de televisão, e com um guião escrevinhado de notas em cima da mesa, Claudia prepara a gravação da série televisiva Tarzan. Ao seu lado, o técnico de som avança a cassete para as próximas falas de Jane. Uma janela de vidro separa os computadores, e toda uma parafernália de mesas de mistura com botões, do mundo de faz-de-conta.

      Sentada na cadeira, Carla Sá concentra-se para a próxima acção. No monitor surge Jane a voar, no topo de um cenário exótico, agarrada ao peito do seu companheiro. A voz original que se ouve é em inglês. Nesta altura, a atenção da jovem actriz é total para ajustar o texto com a boca da boneca e poder dar a inflexão certeira para a cena. Em poucos segundos, Carla já tem a frase na ponta da língua: «Até agora tudo bem!»

    Com poucas repetições, a gravação segue escorreita. Faz-se um pequeno intervalo. Tempo para beber água, espairecer pelos corredores e mastigar bolachas. A jovem Jane, com cerca de 20 anos, esfrega os olhos, espreguiça-se e esquiva-se a perguntas para saborear o curto descanso. Claudia Cadima mostra-se mais disponível.

    «Há quanto tempo faço dobragens?» a actriz sorri e, com a sua voz doce e bem colocada, remete-nos para há mais de vinte anos, altura em que integrou uma equipa pioneira em dobragens, que deu a voz às personagens da série infantil alemã «A Abelha Maia». Nesse leque estava «um grupo de óptimos actores» como é o caso de Carmen Santos (a protagonista), Canto e Castro (O Gafanhoto), Irene Cruz (O Zangão «Willy»), Ermelinda Duarte (a «Aranha Má»), entre tantos outros, que funcionaram como «uma escola para as gerações seguintes».

    Nos estúdios da RTP, a actriz deu a vida a divertidas «formiguinhas» e a outros estranhos insectos do tal «país cheio de flores» que muitos ainda recordam. Nessa época, o ritmo de dobragens era muito diferente, produziam-se somente duas séries por ano, «com máquinas mais rudimentares e limitativas». O processo de gravação, delicado e rigoroso, exigia a presença de todos os actores em estúdio por cada sessão. Ali não havia espaço para o erro, sob pena de se repetir tudo de novo. E isso era ser «mau colega!» Hojr as coisas já não se processam assim.

     Claudia defende ser essencial trabalhar com bons actores «para que as séries sejam feitas com a qualidade dos países de origem». E conta, a propósito, a reacção de uma rapariga novata que veio fazer um teste de voz, e que se aterrorizou, perplexa, com aquele mundo de microfones e exigências profissionais: «Mas eu não sabia que isto era tão difícil!» desabafou. Um trabalho que não é para todos. Dentro do mercado de dobragens, o processo mais complicado e selectivo é, sem dúvida, a escolha das vozes portuguesas para dobrar os filmes americanos. Esta é normalmente uma odisseia. Tudo se inicia com a chegada de uma cassete de testes vinda da América. Depois de uma escolha criteriosa do estúdio europeu, são enviadas três propostas de actores, por cada uma das personagens, para lá se seleccionar a melhor. «Havendo, no entanto, casos de testes que são várias vezes chumbados», conta-se. É a sofisticada indústria do Tio Sam a ditar as regras do jogo!

     Ao fundo de um corredor, por detrás de uma porta pesada de acesso a outro estúdio, soava a voz do personagem mais pateta da Walt Disney, ou melhor, do actor Carlos Freixo, a gravar a série «A Casa do Mickey». Entre gargalhadas realmente tontas e soluçadas e uma voz de papão aparvalhada, o actor mostrava-se ao seu melhor nível, lembrando o histriónico actor norte-americano Jim Carrey : «Ai ai ai! Ando aborrecido com este chapéu velho!...», lamentava-se a personagem ao seu companheiro Donald.

     Este actor é, por mérito, outro dos craques das dobragens em Portugal, destacando-se pelas inúmeras vozes que é capaz de fazer, tendo utilizado, nomeadamente, essa sua versatilidade para o fantasmagórico «Conde Patrácula» assim como para o valente Simba de «O Rei Leão».

     Como tantos outros actores, Carlos Freixo também dirige algumas gravações, desvendando que chega muitas vezes a reescrever, à última hora, os textos traduzidos, ou a cortar parcialmente as frases, tudo em benefício do ritmo das falas dos personagens. O actor dá um exemplo: «As bocas em «O» têm que corresponder a palavras acabadas em «O» e isso, às vezes, resulta num verdadeiro quebra-cabeças!», explica com a eficácia de quem trata os bonecos por tu.

    De facto, esta é uma dificuldade pela qual as estrelas americanas do cinema não passam. Nos estúdios das «majors» de Hollywood, os actores convidados interpretam livremente as suas personagens ao microfone, antes mesmo dos bonecos estarem totalmente desenhados. Um processo inverso, livre de espartilhos à criatividade.

   Com o alargamento do mercado português de dobragens, para o cinema, televisão e publicidade, têm surgido nos últimos anos novos estúdios de gravação para fazer face à procura. O projecto On Air apresenta-se com trunfos de peso. Raul Barbosa é o director de produção dos Estúdios On Air, um espaço moderno montado há pouco mais de um mês, mas que «possui os meios técnicos e humanos necessários para o nível de exigência que os filmes americanos exigem».

    Incluída no leque de vozes mais novas da Disney, está a filha de Raul, a pequena Maria Barbosa, que aos 11 anos demonstra a verdade do ditado «filha de peixe não se afoga». 

     Na sala de convívio da On Air, anexa às duas salas de gravação, cruzam-se as vozes dos bonecos em alegre cavaqueira, estudam-se textos e esfumaçam-se cigarros. José Jorge Duarte mostra-se, nervoso, com um problema em mãos. A pausa dos colegas é aproveitada para deixar um apelo: «Alguém conhece uma actriz jovem, nem muito criança, nem adulta, para eu poder fazer um teste?» Esgotadas algumas hipóteses, o problema manteve-se! «É que existem um tipo de vozes muito difíceis de encontrar», justifica-se.

    No mundo dos desenhos animados o tempo é curto e as gravações não podem parar. Alguns actores saem para a rua, outros retomam os lugares no estúdio. A luz vermelha On Air acende de novo.

    Raul Barbosa sabe bem o frenesim em que se transformará o seu estúdio quando começar a organizar as gravações da próxima grande produção da Disney. «Para a dobragem de um filme de animação demora-se, em média, entre duas a três semanas, num total de 40 a 60 horas de trabalho». São dias de grande empenho, onde cantores, actores e elementos do coro se juntam para superar as difíceis partituras musicais e vozes singulares dos desenhos do filme. A direcção musical fica a cargo da cantora Amélia Muge, do músico José Mário Branco ou de Pedro Gonçalves. No final, o resultado é do agrado de toda a equipa. Mas não só. «Sem estabelecer qualquer regime de competição, ouço normalmente os clientes colocarem o nível de dobragem em português entre os três primeiros, num universo de 40 países», esclarece Raul com orgulho.

    Uma das vozes portuguesas preferidas da Disney para encarnar as suas belas heroínas - que combinam uma forte personalidade e uma irresistível doçura - é a da jovem e bonita actriz Carla Salgueiro. Debutou nas dobragens aconteceu há dois anos, por mero acaso. «Foi numa reportagem para o Clube Amigos Disney, programa que eu apresentava, que visitei os Estúdios da Matinha.

   Na altura, por curiosidade, pedi para fazer um teste de voz. O resultado pode ver-se no filme «Atlantis» onde interpreta a temperamental Princesa Kida, ou em vídeo no «Corcunda de Notre Dame 2» onde dá a voz à madura Madeleine. Na opinião desta actriz, encontrar a voz certa para a personagem «é um misto de sensibilidade e de instinto que não precisa obrigatoriamente de ser uma cópia do registo original».

  E como neste mundo da animação os sapos transformam-se em príncipes encantados que depois de várias peripécias e alguns dissabores casam com a amada e vivem felizes para todo o sempre, Peter Michael (o português irmão de Rui Luís Brás) apresenta-se como uma das vozes masculinas do «Romeu» de muitas histórias de amor. «Já fui o namorado da «Anastasia» e da «Mulan», mas o último herói que fiz foi no filme «Pacha e o Imperador», da Disney. Apesar disso, Peter prefere dar voz a bonecos mais divertidos, como é o caso do «Pinguim afónico», criado para o filme «Toy Story», dobrado em parceria com Herman José, que cantou o tema «Sou teu amigo sim!».

      «Para fazer dobragens ou se tem jeito ou não se tem!» É com esta clareza que Helena Isabel, nas lides das dobragens há 13 anos, justifica esta técnica feita de «intuição e grandes doses de talento». A actriz que já emprestou a voz ao boneco de neve Bully, à velha esquila da série «Animaniacs», ou «à menina das trancinhas» da «Rua Sésamo», defende que para dobrar bem é necessário «criatividade, muito sentido de humor, e habilidade para fazer vozes diferentes». E acrescenta: «Apesar de ser bem pago, não o faço por dinheiro, mas porque gosto!» Gostos à parte, nesta área um cachet ronda, em média, os 300 contos por filme, uma quantia generosa se comparada aos baixos ordenados que os actores ganham no teatro.

     Carmen Santos, a voz da famosa «Abelha Maia» e de «Heidi» faz questão de se divertir em estúdio. «Isto tem muito de lúdico! É essencial brincar, e estar com espírito para isso, porque os interlocutores também brincam, e percebem como ninguém essa linguagem!» Mas não são só as crianças que a ouvem pois, segundo conta, acontece-lhe frequentemente entrar em sítios públicos para pedir qualquer coisa e ouvir o espanto do interlocutor «Ah! Mas eu conheço a sua voz!»

       Para o veterano Mocho da série infantil «Fábulas da Floresta Verde», o actor Canto e Castro, é preciso ter alguns truques na manga para o bom desempenho deste jogo. «É nas pequenas pausas, entre os diálogos, que deitamos o olho no papel, para depois olharmos de novo para o monitor onde está o boneco a reagir». É que aqui, ao contrário do teatro, do cinema ou da televisão, os actores não precisam de decorar diálogos ou monólogos, nem perder dias em ensaios.

      Uma boa memória fotográfica e agilidade nos reflexos tornam-se a mais valia necessária neste género de representação. Canto e Castro tem uma opinião própria sobre esta área. «Julgo que é preciso mais habilidade que talento!»

     Habilidade ou não, a verdade é que para muitos consumidores, não só crianças, os filmes dobrados são a tábua de salvação para acompanharem de forma inteligível uma determinada história. Um serviço que se revela obrigatório.

     Mas se hoje os grandes filmes de animação têm sempre uma versão em português de Portugal, tal deve-se ao sucesso da dobragem de «O Rei Leão», que há sete anos pôs um ponto final numa longa tradição de dobragens em português do Brasil.

     «Esta é uma opção que envolve custos muito elevados!», afirma Julia Layenda, directora de produção dos Estúdios da Matinha, acrescentando que normalmente gasta-se só na parte artística, para se trocar as legendas por vozes nacionais, «a módica quantia de 3.000 contos». Mas o investimento tem sido recompensado pela afluência de público. 

     Desta forma, no cinema ou no pequeno ecrã, estas vozes nasaladas, roucas, estridentes, coquetes, empoladas ou de ventríloquo, criadas pelos nossos actores, vestem como uma luva a boca dos desenhos animados e são responsáveis por fazerem sonhar, em português, os apaixonados pelas histórias do reino do fantástico. Bem hajam!

 

 

 

 Retrato de grupo nos estúdio On Air

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publicado por Ana Sardinha às 22:18

Viagem ao mundo das dobragens

Sexta-feira, 11.04.08
Este artigo saiu hoje no jornal Sexta. Vou aqui destacar aqui os excertos mais importantes:

"Portugal é diferente em muitas realidades e, na área do cinema e da televisão, tem características muito próprias. Em Espanha ou Itália, quase todos os conteúdos são falados nas línguas maternas. Mas os portugueses têm resistido ás investidas das dobragens, embora existam cada vez mais conteúdos falados em português - nas televisões a TVI exibe a série americana Dawson Creek e a SIC os documentários da BBC. De resto, as dobragens quase só vivem nas séries infantis. Ainda assim, esta é uma indústria em crescimento. Tanto as componentes técnicas como humanas são cada vez mais profissionais. Muitas das vozes dos desenhos animados pertencem a famosos actores, mas nem sempre são reconhecidas."

" Não somos o forte do filme. A personagem já nos chega ás mãos interpretada por outro actor" diz Renato Godinho
"Ser o mais próximo do original acaba por ser um desafio,mas, de vez em quando, também inventamos um bocado" afirma Pedro Granger.

" É complicado pôr a voz portuguesa por cima do inglês, pois o original muitas vezes tem três ou quatro palavras e em português tornam-se frases complexas, e mais do que dar a voz é preciso acertar na intenção da personagem. Toda a energia, todos os movimentos que o boneco faz, têm de estar na voz do actor" explica o actor António Machado


"Pedro Granger destaca ensinamentos que só as dobragens dão, como a importância do sentido de música que há nas palavras"

"Dobrar um filme exige um aperfeiçoamento na técnica de respiração, para conseguir acompanhar todos os movimentos e diferentes e diferentes tons de voz das personagens"

Pouca oferta e poucos profissionais:

"São muitos os que gostavam de fazer dobragens, mas entrar no meio é difícil, por ser « muito específico e não justifica um leque de profissionais grande», refere António Machado. Renato Godinho, Cláudia Cadima, Henrique Feist, António Machado ou Bruno Ferreira fazem parte desse grupo restrito. Raul Barbosa, da produtora On Air, que dobrou á Procura de Nemo e Madagáscar, diz que este tipo de trabalho é dirigido aos actores por estes estarem «habituados a criar personagens e a transmitir sentimentos» e, acrecenta, « nas dobragens é preciso igualar a personagem original, adapatar-se a um papel que outro actor já fez com a sua vontade natural»."

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publicado por Ana Sardinha às 22:54





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