Vozes Mágicas
Este é um blog dedicado ao mundo das dobragens em Portugal
Trailer da versão portuguesa de Macacos no Espaço
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Macacos no espaço
John Williams, produtor da trilogia SHREK, e Barry Sonnenfeld, realizador de A FAMÍLIA ADDAMS, produzem a divertida comédia de animação MACACOS NO ESPAÇO.
Ham é um chimpanzé divertido e espertalhão que trabalha num circo como “macaco-bala” embora sonhe vir a ser um herói do Espaço - tal como foi o seu avô.
Quando é anunciada uma viagem a um planeta longínquo dominado por um excêntrico e tirano rei, Ham vê-se, contra sua vontade, integrado na tripulação de chimpanzés altamente treinados para missões espaciais.
Mas ser herói espacial não é tarefa fácil, e Ham e os seus colegas Titan e Luna terão que lutar pela sua sobrevivência, pelo sucesso da Missão e pela liberdade do planeta.
Estreia hoje nos cinemas!!!
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As Crónicas de Narnia: O Príncipe Caspian
Veja o 1º trailer, dobrado em português, do segundo filme da saga iniciada com «O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa: As Crónicas de Nárnia». A estreia foi a 17 de Julho 2008.
AS CRÓNICAS DE NÁRNIA: O PRÍNCIPE CASPIAN
Versão portuguesa
Pedro Carvalho, Paulo Vintém, Fernando Luís, Patrícia Adão Marques, Carolina Vieira, Afonso Maló, Manuel Cavaco, Vítor Fonseca, José Neves, Carlos Sebastião
Estúdio: Matinha
Direcção de Dobragem: Carlos Freixo
Produção: Disney
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Dobragem do mês
Quem não se lembra deste fantástico desenho animado onde os heroís eram cães e mosqueteiros...quero dizer moscãoteiros!! Sim estou a falar do D'Artacão e os Três Moscãoteiros. Esta animação ainda esteve durante muito tempo nos canais generalistas do nosso Portugal e permitiu que muitas crianças vivessem os tempo de outrora onde viviam os reis, princesas, mosqueteiros, o próprio cavalherismo porque não, e este era um desenho animado que transmitia muitos valores e não a violência.
Este foi baseado na história de "Os três mosqueteiros" de Alexandre Dumas e foi produzido pela BRB internacional. Foi pela primeira transmitido em Portugal (e na sua versão portuguesa claro) em 1981.
Era uma vez os três
os famosos moscãoteiros
do pequeno dartacão
tão bons companheiros
os melhores amigos são
os três moscãoteiros
quando em aventuras vão
são sempre os primeiros
quando eles vão combater
já não há rival algum
O seu lema é um por todos
e todos por um
o amor da julieta
é o dartacão
e ela é a predilecta
do seu coração
(dartacão, dartacão)
correndo grandes perigos
(dartacão, dartacão)
perseguem os bandidos
(dartacão, dartacão)
e os três moscãoteiros
longe vão chegar
(dartacão, dartacão)
és tu e os teus amigos
(dartacão, dartacão)
em jogos divertidos
(dartacão, dartacão)
vocês são moscãoteiros
a lutar!!
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O Mundo do faz-de-conta
Em pesquisas feitas pela internet encontrei este artigo publicado na revista Expresso que pessoalmente acho um artigo fantástico para os grandes admiradores das dobragens portuguesas. Este artigo já tem uns aninhos, mais concretamente foi publicado a 13/10/2001 mas descreve tão bem o dia-a-dia no mundo das dobragens mantendo-se ainda hoje bastante actual.
O Texto é de Bernardo Mendonça e as Fotografias de Luiz Carvalho e Jorge Simão (nas gravações)
GUARDA-ROUPA CEDIDO PELA EMPRESA MARIA GONZAGA GUARDA-ROUPA LDA. Da esquerda para a direita: Rita Salgueiro, Carlos Vieira de Almeida, Rui Paulo, Carla Salgueiro, Maria Barbosa, Irene Cruz, Romeu Vala, Carmen Santos, Victor Emanuel, Peter Michael, José Jorge Duarte, André Maia, Cucha Carvalheiro, Pedro Pinheiro, Luís Mascarenhas,Carlos Freixo e Joana Freixo. Estas são algumas das vozes dos bonecos |
Ouve-se uma estridente gargalhada. A vilã Lá, uma mulher de cabelos vermelhos, olhar maquiavélico e corpo escultural, solta uma ordem. Detrás de uma rocha surge um monstro verde com poderosos tentáculos e um olhar assassino. Sem Tarzan por perto, Jane, a boa heroína, está em sérios apuros. Entre gemidos, suspiros, gritos, grunhidos e outros sons assustadiços, a história acaba, mais uma vez, em bem.
«OK! Estão feitos os gritinhos», graceja a actriz Claudia Cadima que dirige a Carla de Sá nos Estúdios da Matinha, um dos mais conhecidos espaços de dobragens do país, responsável por colocar as personagens da Disney e da Dreamworks a falar em português nas salas de cinema do país, com interpretações de qualidade.
De olhos postos no pequeno monitor de televisão, e com um guião escrevinhado de notas em cima da mesa, Claudia prepara a gravação da série televisiva Tarzan. Ao seu lado, o técnico de som avança a cassete para as próximas falas de Jane. Uma janela de vidro separa os computadores, e toda uma parafernália de mesas de mistura com botões, do mundo de faz-de-conta.
Com poucas repetições, a gravação segue escorreita. Faz-se um pequeno intervalo. Tempo para beber água, espairecer pelos corredores e mastigar bolachas. A jovem Jane, com cerca de 20 anos, esfrega os olhos, espreguiça-se e esquiva-se a perguntas para saborear o curto descanso. Claudia Cadima mostra-se mais disponível.
«Há quanto tempo faço dobragens?» a actriz sorri e, com a sua voz doce e bem colocada, remete-nos para há mais de vinte anos, altura em que integrou uma equipa pioneira em dobragens, que deu a voz às personagens da série infantil alemã «A Abelha Maia». Nesse leque estava «um grupo de óptimos actores» como é o caso de Carmen Santos (a protagonista), Canto e Castro (O Gafanhoto), Irene Cruz (O Zangão «Willy»), Ermelinda Duarte (a «Aranha Má»), entre tantos outros, que funcionaram como «uma escola para as gerações seguintes».
Nos estúdios da RTP, a actriz deu a vida a divertidas «formiguinhas» e a outros estranhos insectos do tal «país cheio de flores» que muitos ainda recordam. Nessa época, o ritmo de dobragens era muito diferente, produziam-se somente duas séries por ano, «com máquinas mais rudimentares e limitativas». O processo de gravação, delicado e rigoroso, exigia a presença de todos os actores em estúdio por cada sessão. Ali não havia espaço para o erro, sob pena de se repetir tudo de novo. E isso era ser «mau colega!» Hojr as coisas já não se processam assim.
Claudia defende ser essencial trabalhar com bons actores «para que as séries sejam feitas com a qualidade dos países de origem». E conta, a propósito, a reacção de uma rapariga novata que veio fazer um teste de voz, e que se aterrorizou, perplexa, com aquele mundo de microfones e exigências profissionais: «Mas eu não sabia que isto era tão difícil!» desabafou. Um trabalho que não é para todos. Dentro do mercado de dobragens, o processo mais complicado e selectivo é, sem dúvida, a escolha das vozes portuguesas para dobrar os filmes americanos. Esta é normalmente uma odisseia. Tudo se inicia com a chegada de uma cassete de testes vinda da América. Depois de uma escolha criteriosa do estúdio europeu, são enviadas três propostas de actores, por cada uma das personagens, para lá se seleccionar a melhor. «Havendo, no entanto, casos de testes que são várias vezes chumbados», conta-se. É a sofisticada indústria do Tio Sam a ditar as regras do jogo!
Ao fundo de um corredor, por detrás de uma porta pesada de acesso a outro estúdio, soava a voz do personagem mais pateta da Walt Disney, ou melhor, do actor Carlos Freixo, a gravar a série «A Casa do Mickey». Entre gargalhadas realmente tontas e soluçadas e uma voz de papão aparvalhada, o actor mostrava-se ao seu melhor nível, lembrando o histriónico actor norte-americano Jim Carrey : «Ai ai ai! Ando aborrecido com este chapéu velho!...», lamentava-se a personagem ao seu companheiro Donald.
Este actor é, por mérito, outro dos craques das dobragens em Portugal, destacando-se pelas inúmeras vozes que é capaz de fazer, tendo utilizado, nomeadamente, essa sua versatilidade para o fantasmagórico «Conde Patrácula» assim como para o valente Simba de «O Rei Leão».
Como tantos outros actores, Carlos Freixo também dirige algumas gravações, desvendando que chega muitas vezes a reescrever, à última hora, os textos traduzidos, ou a cortar parcialmente as frases, tudo em benefício do ritmo das falas dos personagens. O actor dá um exemplo: «As bocas em «O» têm que corresponder a palavras acabadas em «O» e isso, às vezes, resulta num verdadeiro quebra-cabeças!», explica com a eficácia de quem trata os bonecos por tu.
De facto, esta é uma dificuldade pela qual as estrelas americanas do cinema não passam. Nos estúdios das «majors» de Hollywood, os actores convidados interpretam livremente as suas personagens ao microfone, antes mesmo dos bonecos estarem totalmente desenhados. Um processo inverso, livre de espartilhos à criatividade.
Com o alargamento do mercado português de dobragens, para o cinema, televisão e publicidade, têm surgido nos últimos anos novos estúdios de gravação para fazer face à procura. O projecto On Air apresenta-se com trunfos de peso. Raul Barbosa é o director de produção dos Estúdios On Air, um espaço moderno montado há pouco mais de um mês, mas que «possui os meios técnicos e humanos necessários para o nível de exigência que os filmes americanos exigem».
Incluída no leque de vozes mais novas da Disney, está a filha de Raul, a pequena Maria Barbosa, que aos 11 anos demonstra a verdade do ditado «filha de peixe não se afoga».
Na sala de convívio da On Air, anexa às duas salas de gravação, cruzam-se as vozes dos bonecos em alegre cavaqueira, estudam-se textos e esfumaçam-se cigarros. José Jorge Duarte mostra-se, nervoso, com um problema em mãos. A pausa dos colegas é aproveitada para deixar um apelo: «Alguém conhece uma actriz jovem, nem muito criança, nem adulta, para eu poder fazer um teste?» Esgotadas algumas hipóteses, o problema manteve-se! «É que existem um tipo de vozes muito difíceis de encontrar», justifica-se.
No mundo dos desenhos animados o tempo é curto e as gravações não podem parar. Alguns actores saem para a rua, outros retomam os lugares no estúdio. A luz vermelha On Air acende de novo.
Raul Barbosa sabe bem o frenesim em que se transformará o seu estúdio quando começar a organizar as gravações da próxima grande produção da Disney. «Para a dobragem de um filme de animação demora-se, em média, entre duas a três semanas, num total de 40 a 60 horas de trabalho». São dias de grande empenho, onde cantores, actores e elementos do coro se juntam para superar as difíceis partituras musicais e vozes singulares dos desenhos do filme. A direcção musical fica a cargo da cantora Amélia Muge, do músico José Mário Branco ou de Pedro Gonçalves. No final, o resultado é do agrado de toda a equipa. Mas não só. «Sem estabelecer qualquer regime de competição, ouço normalmente os clientes colocarem o nível de dobragem em português entre os três primeiros, num universo de 40 países», esclarece Raul com orgulho.
Uma das vozes portuguesas preferidas da Disney para encarnar as suas belas heroínas - que combinam uma forte personalidade e uma irresistível doçura - é a da jovem e bonita actriz Carla Salgueiro. Debutou nas dobragens aconteceu há dois anos, por mero acaso. «Foi numa reportagem para o Clube Amigos Disney, programa que eu apresentava, que visitei os Estúdios da Matinha.
Na altura, por curiosidade, pedi para fazer um teste de voz. O resultado pode ver-se no filme «Atlantis» onde interpreta a temperamental Princesa Kida, ou em vídeo no «Corcunda de Notre Dame 2» onde dá a voz à madura Madeleine. Na opinião desta actriz, encontrar a voz certa para a personagem «é um misto de sensibilidade e de instinto que não precisa obrigatoriamente de ser uma cópia do registo original».
E como neste mundo da animação os sapos transformam-se em príncipes encantados que depois de várias peripécias e alguns dissabores casam com a amada e vivem felizes para todo o sempre, Peter Michael (o português irmão de Rui Luís Brás) apresenta-se como uma das vozes masculinas do «Romeu» de muitas histórias de amor. «Já fui o namorado da «Anastasia» e da «Mulan», mas o último herói que fiz foi no filme «Pacha e o Imperador», da Disney. Apesar disso, Peter prefere dar voz a bonecos mais divertidos, como é o caso do «Pinguim afónico», criado para o filme «Toy Story», dobrado em parceria com Herman José, que cantou o tema «Sou teu amigo sim!».
«Para fazer dobragens ou se tem jeito ou não se tem!» É com esta clareza que Helena Isabel, nas lides das dobragens há 13 anos, justifica esta técnica feita de «intuição e grandes doses de talento». A actriz que já emprestou a voz ao boneco de neve Bully, à velha esquila da série «Animaniacs», ou «à menina das trancinhas» da «Rua Sésamo», defende que para dobrar bem é necessário «criatividade, muito sentido de humor, e habilidade para fazer vozes diferentes». E acrescenta: «Apesar de ser bem pago, não o faço por dinheiro, mas porque gosto!» Gostos à parte, nesta área um cachet ronda, em média, os 300 contos por filme, uma quantia generosa se comparada aos baixos ordenados que os actores ganham no teatro.
Carmen Santos, a voz da famosa «Abelha Maia» e de «Heidi» faz questão de se divertir em estúdio. «Isto tem muito de lúdico! É essencial brincar, e estar com espírito para isso, porque os interlocutores também brincam, e percebem como ninguém essa linguagem!» Mas não são só as crianças que a ouvem pois, segundo conta, acontece-lhe frequentemente entrar em sítios públicos para pedir qualquer coisa e ouvir o espanto do interlocutor «Ah! Mas eu conheço a sua voz!»
Para o veterano Mocho da série infantil «Fábulas da Floresta Verde», o actor Canto e Castro, é preciso ter alguns truques na manga para o bom desempenho deste jogo. «É nas pequenas pausas, entre os diálogos, que deitamos o olho no papel, para depois olharmos de novo para o monitor onde está o boneco a reagir». É que aqui, ao contrário do teatro, do cinema ou da televisão, os actores não precisam de decorar diálogos ou monólogos, nem perder dias em ensaios.
Uma boa memória fotográfica e agilidade nos reflexos tornam-se a mais valia necessária neste género de representação. Canto e Castro tem uma opinião própria sobre esta área. «Julgo que é preciso mais habilidade que talento!»
Habilidade ou não, a verdade é que para muitos consumidores, não só crianças, os filmes dobrados são a tábua de salvação para acompanharem de forma inteligível uma determinada história. Um serviço que se revela obrigatório.
Mas se hoje os grandes filmes de animação têm sempre uma versão em português de Portugal, tal deve-se ao sucesso da dobragem de «O Rei Leão», que há sete anos pôs um ponto final numa longa tradição de dobragens em português do Brasil.
«Esta é uma opção que envolve custos muito elevados!», afirma Julia Layenda, directora de produção dos Estúdios da Matinha, acrescentando que normalmente gasta-se só na parte artística, para se trocar as legendas por vozes nacionais, «a módica quantia de 3.000 contos». Mas o investimento tem sido recompensado pela afluência de público.
Desta forma, no cinema ou no pequeno ecrã, estas vozes nasaladas, roucas, estridentes, coquetes, empoladas ou de ventríloquo, criadas pelos nossos actores, vestem como uma luva a boca dos desenhos animados e são responsáveis por fazerem sonhar, em português, os apaixonados pelas histórias do reino do fantástico. Bem hajam!